Psicologia do Adolescente







  • Indice


  • Introdução - A Identidade e o EU


  • Transformações Físicas no Adolescente


  • A Identidade e o EU - Reflectindo


  • A Identidade e o EU na Adolescência - O Grupo


  • A Família na Construção do Adolescente


  • Breve Olhar sobre a Escola


  • Bibliografia




    (...) "acontece que o sonho se expande no real e se anula a fronteira entre os dois: a tendência para efabulação e a mitomania, a perda de contacto com a realidade são um dos perigos que espreitam o adolescente"
    Rivier-Berthe Reymond, O Desenvolvimento Social da Criança e do Adolescente, pág. 145.





      ... ou como o fenómeno adolescência se transporta para os factores de decisão política e seus actores preferenciais (os políticos).


  • Numa época em que os jovens têm uma liberdade inigualável, uma facilidade de movimentação física a todos os níveis, quando obtêm uma emancipação parental extraordinariamente cedo, e quando possuem dinheiro, (...), tornam-se presas fáceis da sociedade consumista, preguiçosa, e isenta de valores da qual os adultos são o paradigma a seus olhos convenientes. Se aliarmos a estes factores, outros correlacionados com a família, em que esta se dissociou do acompanhamento de seus filhos, de lhes incutir uma educação atempada e conveniente, onde se poderia inculcar valores humanistas, imateriais, de trabalho, de ciência, de educação instrutiva, ..., constata-se precisamente o divórcio parental-filial, em que se denota a ausência física e emocional dos pais, pois estes preocupados com o seu stress, proveniente do trabalho mecanizado, não recompensado à satisfação do seu ego, mas tão somente para a obtenção de salário, de dinheiro para consumir, não se encontrando aptos a poderem estabelecer uma ponte de entendimento com os seus filhos, imperando a monotonia, o não diálogo, a visão da família não interactiva, onde as emoções não despontam e a reflexão sobre o que se passa, já morreu há muito.

  • Acrescentando a este stress já quase institucional, ... mais uns "condimentos" para agravar este estado emocional dos adultos, como o trânsito caótico, a violência urbana e os prazos que a sociedade consumista estabelece, então temos o quadro perfeito da instabilidade emocional dos adultos, a sua falta de paciência, o seu cansaço intelectual, emocional e físico quando chega a casa, a vontade de se sentar no sofá, de adormecer, ou (e) de ligar a televisão mas já não "vendo" o que está a transmitir, para quanto mais não fosse para mudar de canal, desligar o aparelho, ou (e) comentar, descodificando, as mensagens implícitas e explícitas que a caixa da preguiça, da obesidade intelectual, se encontra a "vomitar" para a sociedade, e para o núcleo desta, que é a Família.

  • O egocentrismo intelectual impera no seio de toda a família, com todos os seus cambiantes, com menos autoconfiança e menor diferenciação das percepções e dos sentimentos de cada um. Sabendo-se que os adolescentes são tão maus ouvintes quanto os adultos, como esperar alguma vez que estes modifiquem a sua natural tendência, se são os próprios adultos o exemplo da intolerância, do deserto interrogativo?

  • Assim este distanciamento conduz a família a relações polarizadas onde cada um passa a estar totalmente preocupado com o seu Eu não coabitando a satisfação das necessidades básicas cognitivas familiares, da tolerância, do desenvolvimento intelectual, da harmonia e homeostasias psíquicas em que esta se devia envolver. Digamos que a família de hoje vive num permanente desequilíbrio em que tende para uma difusão de identidade, uma insolvência identitária, uma (in) realização de identidade, estados de "alma" estes, que por serem hoje tão fortes, não serão os causadores principais do prolongamento da adolescência?


  • Sabe-se que o relativismo veio mostrar quanto complicado se torna ao nível do desenvolvimento pessoal a descodificação do comportamento moral dos adultos e a sua projecção para o mundo dos adolescentes, já que estes, apesar da sua independência, copiam sempre algo dos adultos para garantirem a sua própria segurança, comportando um qualquer modelo que lhes sirva de referência, para a satisfação corporal e mental de que estão carenciados. Desta forma, poderemos adivinhar que a "presença" do adulto está no espírito do adolescente, como um processo integrador das transformações sociais, pessoais e também, porque não, relativas ao seu futuro, para que a sua integração no mundo dos adultos se efectue sem sobressaltos de maior.

  • Convém realçar que esta integração só se efectua convenientemente quando o processo dinâmico da equilibração no adolescente tem um cabal cumprimento das suas fases totais até atingir um estado superior, o qual forçosamente estará sempre em actual evolução e modificação. Deixar que o adolescente exprima convenientemente as suas emoções e a sua afectividade, para que encontre o equilíbrio primordial, a sua homeostasia fundamental, para que deva começar a encontrar-se e a formar a sua identidade.

  • Sabe-se que a adolescência é um período de profundas e múltiplas transformações e que poderá comportar outras expressões como crise, inadaptação e (ou) perturbação. Desta forma deixamos que escolha os seus próprios valores, dentro dos que lhe são expressos pela família, pela sociedade em que se movimenta, não podendo os pais dissociarem-se da constituição desses mesmos valores de forma a que estes não possam deixar indiferente o adolescente e que contribuam para destacar a sua própria dignidade qualitativa.

  • Sabendo-se que não há valores absolutos e que neste campo dos valores se torna ainda mais problemática a sua descodificação, permitir que o axiológico se dê no seu interesse, no seu desejo, de forma a realizá-lo para que a valoração se exprima no sujeito e que nunca permita o aparecimento duma inexistência valorativa do seu próprio Eu; e que isso sim, seja um vector de transmissibilidade absoluta na construção da identidade própria, no Ser do indivíduo e que este se identifique com este (valor) e resida no próprio Ser.

  • Devemos incluir a ética e a moral na experiência vivencial do adolescente como formas de construção da sua própria personalidade, dentro de conceitos puramente subjectivos, para que se negue assim a possibilidade de erro axiológico e para que o adolescente deva distinguir o certo do errado, dos interesses maus dos interesses bons. Sabendo-se que o conflito e a tensão são fundamentais para uma boa educação, e que esta é a estrutura fundamental para a construção harmoniosa do Eu e de uma identidade abrangente de valores, e que educar é mudar com sentido, e que as mudanças como já referimos são próprias da adolescência, devemos estimular que o conjunto das mudanças e suas etapas sejam consciente.


  • Estados de "alma" como: desânimo, esperanças, cansaços, confusões, aborrecimentos, fúrias, são normais pois estes sentimentos são factores que estão a incidir na responsabilidade do adolescente, formando a sua própria vida dentro dos conflitos da adolescência. Fornecer ao adolescente a capacidade gradual de análise do comportamento humano de forma a que este possa compreender certos desajustamentos psicológicos que ocorrem aquando desta fase, como também outros fenómenos correlativos, comportando os educacionais e morais. Mas... e a sociedade de hoje, como se a deve compreender? Como é que o adolescente a pode constatar? Como a deve descodificar? Como se apresentando estes valores, o jovem a deve ou não abraçar? Como o"ambiente" da educação deve actuar perante o adolescente? São tantas interrogações que o adolescente já com a sua própria confusão, e ao tentar descodificar o mundo dos adultos, como é que o vê? Como o pode abraçar se tantas dúvidas chegam até ele diariamente?


  • Sabe-se que os factores anteriormente mencionados são vertentes que se completam. Sabe-se que a educação é um sistema dinâmico, baseado no conhecimento intelectual, ou numa perspectiva mais lata, no adquirir de conceitos diários, sem uma preocupação de triagem de conhecimentos fonte, donde ressaltou a cultura popular, pode considerar-se a sociedade actual como um "ambiente" agressivo aos "ecossistemas" sociais e educacionais, cognitivos na e para a sua essência, das urbes citadinas, principalmente.


  • Os novos conceitos valorativos da sociedade, donde ressaltam os valores mediáticos, os mitos, os heróis, a fama por qualquer preço, numa sociedade feroz em consumismo, numa sociedade do descartável; no espectáculo do impuro intelectual, na não convivência e na futilidade de atitudes, a educação do adolescente terá que passar pelos valores onde se move para que a sua valorização como pessoa deva ser harmoniosa; movimentação essa que passará pelo recusar do analfabetismo funcional das suas capacidades intelectuais, da prostituição de valores, da coisificação das atitudes, do cinismo político, com televisões a pontificar "Pontos de Encontro", ou "Bigs Shows", com "Alentejos de desempregados", velhos desprotegidos numa sociedade que cultiva até à exaustão e paroxismo o ser-se novo, o belo, na diferença para o pior, e Alqueves que nunca mais se constróem; recusar a utopia das questões sociais como a droga, álcool e pornografia, de forma a que o jovem adolescente se invente diariamente no conceito da sua própria resiliência de Homem global, inserido no "oikos" do pensamento e atitudes dignas para a sua formação. Dilemas a que o adolescente está sujeito para construir, num mundo cada vez mais confuso, a construção da sua Identidade e do Eu.


  • Depois destas breves deambulações espreitemos novamente a formação específica da Identidade e do Eu do adolescente, embora seja realçado tal tema no capítulo apropriado.


  • A juventude é um mito ou quase mito que os próprio media ajudam a difundir e as notícias que estes veiculam a propósito da cultura juvenil ou de aspectos fragmentados dessa cultura (manifestações, modas, delinquência, etc.) encontram-se afectados pela forma como tal cultura é socialmente definida". (Pais, 1993, 27).


  • A forma de cultura tal como se encontra explícita acima, é exemplo bastante demonstrativo, como a sociedade actual dá grande ênfase a manifestações de intolerância, do fútil ou como os telejornais e outros media estão ávidos de transmitir notícias sensacionalistas, alarmistas e calamitosas.


  • Construindo asim uma sociedade em que já se vulgarizou estas situações, fazendo-a perigar para padrões em que tais exclamações sociais se tornam comuns por vulgares, aceitando-as muitas das vezes, os adolescentes, por ainda se encontrarem a construir uma identidade própria, tornam-se fúteis, sem auto-estima, sem fidelidade no conceito de Erikson, e onde permanecerão quase sempre numa difusão de identidade.


  • (...) um adolescente é um indivíduo que constrói sistemas e teorias. A verdadeira adaptação à sociedade far-se-á finalmente de forma automática quando de reformador o adolescente se torna realizador. (Piaget, J. Seis Estudos de Psicologia, D. Quixote, pág. 100).


  • Na realidade, a tendência mais profunda de toda a actividade humana é a marcha para o equilíbrio, e a razão, que exprime as formas superiores deste equilíbrio, reúne em si a inteligência e a afectividade.(Piaget, J. Seis Estudos de Psicologia, D. Quixote, pág. 102).


  • Com estes dois pensamentos de Piaget, considera-se ainda mais profundamente que o adolescente é um ser frágil, desprotegido na actual sociedade e cada vez mais apelado para se integrar no mundo dos adultos, não tendo muitas das vezes oportunidade em crescer, ultrapassando fases de imaturidade, não chegando a amadurecer no estádio em que se encontra, saltando quase de imediato para um estádio superior, não tendo oportunidade em aperfeiçoar a sua metafísica, as suas paixões e a sua megalomania para uma verdadeira criação pessoal, factores indispensáveis para a formação de um Eu dinâmico, interactivo com a sua própria "guerra" interior, de forma a que como humano crie uma marcha para o equilíbrio, a razão, e crie efectivamente, formas de equilíbrio onde imperam a inteligência e a afectividade.


  • Julgamos que nesta breve introdução já tenhamos dado uma breve panorâmica da complexidade que é para o adolescente, a criação de uma mentalidade onde tenha podido ultrapassar etapas tão importantes como angustiantes, como sejam a difusão da identidade, a insolvência identitária e até numa fase mais adiantada da sua existência, a moratória da identidade.


  • Não pretendo acabar este capítulo sem escrever umas linhas, reflectindo, até que ponto os políticos da actualidade, com as suas contradições, são capazes de influenciar o adolescente na construção de uma Identidade e do seu Eu.


  • Sabe-se que os adolescentes são generosos com a novidade. E porque é novidade são crentes!!! E porque são crentes, os políticos à face da Terra aproveitam-nos para as suas campanhas, para as suas moções, para as suas estratégias, para as suas mentiras. E então é vê-los, aos políticos, pois então, a beijarem as criancinhas, a abraçarem os jovens, a sentarem-se junto dos adolescentes, criando-lhes campanhas políticas artificiais, movimentando-se estes com empenho, porque acreditam no que os mais velhos lhe comunicam, servindo estes de referencial para a sua vida, assim como os seus pais também servem e serviram já. Acreditam que estes vendedores de ilusões e de sonhos, são capazes de tornearem as dificuldades que o adolescente sofre, das perturbações sociais em que está metido até ao pescoço, da insegurança nos estudos, no conseguir um emprego, no arrancar da sua solidão da sociedade tecnológica, tecnocrata, da sociedade sem valores, ou com valores pelos quais ele não se confronta. Acredita, porque é benemérito, porque é solidário com os seus próprios sentimentos, porque acredita nos mais velhos, porque apesar de tudo, ainda não se encontra desiludido, porque ainda sonha!!!.


  • Os adolescentes acreditam nos políticos, porque estão na idade de acreditar, porque têm a percepção nítida e não enganadora que a política tem uma importância fundamental. Esta, a política, terá a função principal na dimensão do "mexer", em dar mais autoconfiança e criar menos egocentrismo, fornecendo percepções em maiores diferenciações e sentimentos, criando nestes adolescentes uma maior autonomia, porque estão a criar uma identidade. Mas que Identidade e que Eu? O da desilusão, da frustração, para estes adolescentes, porque muitos deles mais tarde ou mais cedo cairão em si e constatarão que a mentira prevaleceu, os sonhos desfizeram-se, os adultos que os políticos de profissão e paradigmas da sociedade, e fazedores duma Nação, apresentam-se a estes adolescentes como vendilhões de ideais, que já não têm cabimento. E assim é, não será por acaso fortuito, que sendo Professor do Ensino Secundário há mais de vinte anos, tenha ouvido da boca de muitos adolescentes, a expressão do descontentamento, da desilusão, e o que é pior da indiferença, perante o que lhes foi dito, prometido, e que acreditaram nos políticos de hoje, das suas guerras sujas, do diz-se hoje para se desdizer amanhã.


  • A sociedade de hoje está muito atenta aos factores de instabilidade da adolescência, pelos perigos que decorrem aquando da sua formação, da SIDA, da hepatite B, mas julga-se que ainda não se debruçou e apurou responsabilidades e ainda não soube pedir contas aos políticos pelas mentiras e traumas que ocasionam ao adolescente, criando e porque não, insolvências de identidade nestes.


  • Mas todos estes males físicos advêm duma prática menos saudável do exercício psíquico e por estudos realizados em diversas Universidades e Institutos, bem como em Centros de Pesquisa Psicológicos, demonstram que os suicídios nos adolescentes ocorrem quando estes possuem problemas emocionais que a sociedade lhe transmitiu, quando são possuidores de uma baixa auto-estima, solidão, ansiedade, depressões, problemas cognitivos, concentração em problemas e dificuldades na aprendizagem.


    Links Preferidos de Centros de Pesquisa:

  • Apa

  • Yahoo Science

  • Mambo

  • Acreditamos que já não faltará muito para que a sociedade comece a exigir dos políticos responsabilidades por terem criado falsas ilusões para os adolescentes e terem emergido uma sociedade de oportunismos fáceis, sem valores de dignidade.


  • Acreditamos que muitos dos políticos ainda não passaram da fase de adolescência patológica, estagnando em valores de delinquência grupal, e que nunca passaram pelo «estádio de grupo». Será que a sociedade de hoje por estar assim, tão mal, tão doente, não será pelos exemplos dos adultos com responsabilidades e que não respondem convenientemente aos anseios dos adolescentes?



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