Efeitos Hormonais
As transformações físicas do adolescente ocorrem em situação de grande "intempérie emocional e cognitiva", com o despertar hormonal do hipotálamo, glândula endócrina localizada na base do cérebro, a qual por sua vez vai catalizar outras para elaborarem as suas próprias substâncias. Dentre elas temos a glândula pituitária que pela sua própria função específica de controladora hormonal, talvez a mais importante pela correlação hormonal que efectua entre todas as endócrinas, ou na sua maior parte, vai interagir com o "mundo endócrino" do corpo do adolescente; fabricando um conjunto de substâncias hormonais, fazendo com que os ovários, os testículos e as supra-renais comecem a fabricar e a interagir com outras hormonas. Deste estado caótico de hormonas lançadas na corrente sanguínea se praticamente um controlo homeostático, o adolescente sofre perturbações físicas e emocionais mais ou menos contundentes e diferentes entre si, como adolescente, quer também diferentes entre adolescentes se nos reportarmos a factores culturais de socialização primária.
Assim no rapaz, a adolescência no seu aspecto fenotípico caracteriza-se globalmente pelo aparecimento de mudaça de tom de voz, o despontar dos primeiros pêlos de barba e um aumento de altura e também de massa muscular. O corpo globalmente aumenta de volume e o seu andar e outros movimentos tornam-se desajeitados.
Na rapariga, este fenómeno da adolescência quanto à sua aparência externa é caracterizada por um aumento do volume dos seios, um aumento de massa corporal, um crescimento de altura mas não tanto significativo quanto ao dos rapazes, e uma melhor caracterização de formas corporais próprias ao elemento feminino.
Pode-se dizer que o aparecimento da adolescência efectua-se primeiro nas raparigas e só ao fim de um ano a um ano e meio depois aparece nos rapazes, pelo que os ritmos de desenvolvimento adolescentário são diferentes para os dois sexos. Também pretendemos dizer que estes ritmos podem variar de indivíduo para indivíduo, dependendo de vários factores intrínsecos e extrínsecos, como a hereditariedade, o meio ambiente em que vive o adolescente quanto a factores culturais, à alimentação (excesso de gordura acelera a puberdade), e a factores de equilíbrio emocional relacionados com a família.
Todos estes crescimentos trazem ao adolescente perturbações emocionais, pois dificilmente conseguem adaptar-se numa primeira fase às modificações surgidas necessitando assim de apoio dos pais, crescimento este que é mais desajeitado no rapaz do que nas raparigas. As diferenças estruturais entre uns e outros são orientadas pela acção das hormonas específicas, para os rapazes a testosterona, para as raparigas os estrogéneos e progesterona, que por sua vez vão fazer com que o próprio desenvolvimento de ambos seja diferente na distribuição de massa muscular e na sua própria quantidade. Assim a massa muscular nas raparigas distribui-se mais intensamente nas ancas, no peito e nos braços, enquanto nos rapazes são os músculos que sofrem um maior desenvolvimento bem como a sua estrutura óssea, apresentando estes uma maior compleição física.
Ainda no que concerne às diferenças entre ambos os sexos no aparecimento dos sinais da adolescência e reportando-nos tão somente e agora à sua fisiologia evidente, nas raparigas caracteriza-se pelo aparecimento das primeiras regras (menarca), e no rapaz as primeiras ejaculações, por manipulação directa dos seus órgãos sexuais, ou durante a noite por "ejaculação nocturna" (sonhos).
Esta assincronia de desenvolvimento nos adolescentes de ambos os sexos reporta-se de capital importância quanto ao seu conhecimento por parte dos pais, professores e outros agentes de formação educacional, para existir uma base de conversação cognitivista entre o adulto e o jovem, para que este possa ultrapassar as barreiras que lhe são impostas pelo próprio corpo e pela mente, sendo esta talvez a que mais sofre, entrando muitas das vezes o jovem adolescente numa situação de stress. E quanto a este fenómeno deveras importante que pode inquietar o adolescente e o ambiente familiar, dever-se-á estar atento a sinais evidentes de stress, pois poderá conduzir a fenómenos estranhos de comportamento, com cargas emocionais evidentes para todos, atingindo o ambiente familiar com todas as suas cargas negativas, vivendo todos em permanente sobressalto. Desta forma o adulto, o educador, deverá dar estímulos positivos de auto-estima e cultivar a auto-imagem para que este comece a perder "vergonha" do seu próprio corpo, e para que comece a maturação biológica no indivíduo.
Os sinais evidentes de stress no adolescente são principalmente dores de cabeça, cansaço, asma, acne e numa fase mais adiantada o aparecimento de úlceras estomacais e (ou) duodenais. Sabendo-se que o stress actua nas mesmas áreas cerebrais onde se efectua o controlo da fome, da agressividade e da resistência às doenças, estas aumentam pela diminuição da actividade ou alteração do sistema imunitário. Assim e pela alteração quantitativa das substâncias hormonais reguladoras da homeostasia corpóreo-glandular, pela desrugulamentação das glândulas endócrinas, principalmente as reguladoras principais, como o hipotálamo e a pituitária, vão transmitir a sua alteração metabólica a todas as outras, principalmente aquelas que fabricam a adrenalina, hormonas do stress como sejam a dopamina, noradrenalina, adrenalina e o cortizol. Sabendo-se que estes estados de espírito são propensos ao consumo de substâncias nocivas à saúde como o tabaco, álcool e outras drogas mais perigosas pelo seu mediatismo e dependência absolutas, dever-se-á alertar o adolescente para que possa vencer e acomodar-se à nova "inquietude" provocado pelo aparecimento destas novas substâncias que estão a percorrer o seu corpo e que lhe provocam tanta ansiedade, tanta inquietude e instabilidade.
Uma vez o processo endócrino amadurecido, entrado que fica na estabilidade hormonal, o adolescente passará a adulto quanto a conceito puramente físico, mas não obrigatoriamente deixará de ser um adolescente se não conseguir vencer a sua solidão, a sua ansiedade e o seu conformismo.
E como julgá-lo? Como "evitar" o conflito como adolescente? Nunca nos devemos esquecer de um provérbio dos índios americanos:Não julgues ninguém, enquanto não caminhares uma milha com os seus mocassins". Queremos com isto ilustrar que devemos ter a capacidade para nos colocarmos intelectualmente e emocionalmente no papel de adolescente, para o sabermos compreender e "estimar".
Julgamos que estão os alicerces lançados para passarmos à parte seguinte da nossa reflexão sobre a adolescência, no capítulo que se reporta especificamente à sua Identidade e do seu Eu.