Erik Erikson será o autor mais conhecido e talvez mais importante no estudo da adolescência. Este autor considera que os estádios de desenvolvimento ocorrem através de estádios e fases de acordo com um pano de fundo, a que se dá o nome de epigénese. (Sprinthall, Norman A. e Collins W. Andrews, Psicologia do Adolescente, Fundação Calouste Gulbenkian, pág. 195).
Depois de nos termos debruçado em reflexões ao longo deste trabalho, pensamos que não devemos hipostasiar as etapas de desenvolvimento do adolescente até à sua entrada no mundo dos adultos, pelo facto de o termos já feito ao longo destas páginas. Vamos isso sim considerar uma fase de desenvolvimento do adolescente, mais virado para o campo do social, embora com importância fundamental e por isso não menos importante para a obtenção do seu equilíbrio, que será o estádio de grupo.
O que é que o adolescente procura no grupo? Essencialmente podemos dizer que procura um ideal do seu Eu.
Pode-se constatar que o adolescente de hoje, embora diferente nas suas opções dos de outras gerações organizam-se em variegados tipos grupais, como claques de futebol, essencialmente, reportando-nos ao desporto; em associações de vária índole cultural ou tão somente lúdica, ou em grupos de discussão na Internet (newsgroups), "falando" em tempo real com todo o Mundo e para todo o Mundo, geralmente em coisas fúteis, ou preferencialmente sobre sexo, mas de uma forma deveras preocupante.
Já tivemos oportunidade de observar esses"newsgroups" (grupos de discussão) para a língua portuguesa, e francamente a futilidade, grosserias, são por demais evidentes e falhas de conteúdo que nos deixaram deveras preocupados.
Ou seja, o adolescente procura a segurança, a diluição da sua angústia e culpabilidades no grupo e para o grupo, vivendo-o intensamente numa primeira fase desta etapa, "arrefecendo" gradualmente de intensidade vivencial à medida que vai construindo uma identidade própria e o Eu se reforça.
O grupo serve para os adolescentes se sentirem diferentes do adulto, mas semelhantes entre si para aliviarem a sua angústia, para sentirem segurança e confiança em si mesmos, para se situarem. (Rivier - Berthe Reymond, Universidade Nova, pág. 166)
Procuram com esta acção também a originalidade, o romper de tradições e conceitos com o passado, afirmarem-se como independentes, autónomos, de forma a adquirir novas identificações, aceitando umas como permanentes e constantes, outras abraçando-as temporariamente e de forma fugaz.
Concomitantemente com esta postura, o poder económico-informativo a que os mass media também não são alheios, captam esta etapa da vida do adolescente, criando-lhe dependência consumista, com solicitações de toda e de vária ordem, pois o jovem actual tem dinheiro, é exigente, e possui um sentido crítico bastante apurado quanto a moda e qualidade do produto à venda. Pelo querer em ser diferente, mas com uma massificação quase global de gostos e atitudes, o jovem cada vez é menos singular e diferente, tornando-se actor secundário pela vulgarização das suas atitudes, gestos e gostos. E assim de conformismo em conformismo o jovem vai procurando sempre avidamente uma forma de expressão que lhe garanta o bem estar psicológico, passando por vários processos identificativos, até encontrar um carácter definido, ou seja, a conclusão do processo de identificação, a afirmação de si. Assim o grupo serviu para levar à consecução prática e efectiva na construção de uma personalidade própria, uma construção de Identidade / e um Eu que se encontrou.
Todavia também há casos em que o adolescente prolonga no espaço e no tempo a sua permanência no grupo, reduzindo quase toda a sua vida ao refúgio de grupo, tornando-se assim, o grupo, um instrumento negativo para a elaboração do Eu no adolescente, em que este mesmo grupo incide prejudicialmente na maturação psicológica, no social e cultural deste, infantilizando-o, encaminhando-o quase para a delinquência, se este não souber tornar-se adulto e se emancipar do estádio grupal.
Os educadores deverão estar atentos quanto a esta problemática se o adolescente começar a apresentar comportamentos desviantes, como excessiva procura do grupo, hábito de fumar, procura de espaços fechados com assiduidade, aqui as discotecas e pubs têm um papel bastante negativo, embriaguez e modificações de temperamento, como postura de actos violentos em casa ou fora dela. Isto quer dizer que o adolescente anda à procura de uma identidade que não consegue encontrar e que o grupo está a fazer-lhe mal, porque este, adolescente, só consegue actuar e sentir-se seguro com estas atitudes dentro do grupo, não conseguindo afirmar-se fora dele, tornando-se dependente deste e não emancipativo.
Desta forma o adolescente está a tornar-se um delinquente, encontrando-se permanentemente na fase de insolvência identária, com efeitos retardadores na formação da Identidade e do Eu